quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Memória do Futebol Sergipano - Cotinguiba


Com o nascimento do COTINGUIBA ESPORTE CLUBE a vida sócio-esportiva sergipana começa a se organizar. Sensível aos anseios da gente sergipana, um valioso grupo de intelectuais e desportistas deu início às demarches para a criação da agremiação. A data oficial de fundação é 10 de outubro de 1909. Na ocasião lá estavam os mais autênticos representantes das famílias Franco, Leite, Rollemberg, Garcez e Vasconcelos. Seus primeiros sócios e dirigentes. Era, pois, um clube elitista. Criado e dirigido pelo ‘high-society”.Nasceu onde ainda hoje vive. Tomou o nome de Cotinguiba em homenagem ao rio que nos separa da Barra dos Coqueiros.Depois o rio mudou de nome nesta região e passou a se chamar Rio Sergipe, de acordo com determinação emanada do Poder Legislativo.
O Almirante da Marinha, Aminthas Jorge, tentou algumas vezes (quando de suas visitas a Aracaju) convencer os dirigentes de Cotinguiba e Sergipe a implantarem o futebol nestes clubes, que eram clubes de remo.
Entretanto, havia forte reação dos “sócios-remadores” e dirigentes tradicionalistas que
julgavam o futebol um esporte “para desocupados” e discriminado pela elite. A sua adoção seria a vulgarização daquelas nobres agremiações esportivas, formadas e sustentadas pela nata da sociedade sergipana. Mas o futebol continuava a mostrar sua enorme força popular e, não demorou muito a se formar um conceito diferente entre os associados daqueles clubes. Era o que esperava o Almirante Aminthas Jorge, para conseguir convencer os novos dirigentes daqueles clubes a adotarem o futebol.
Finalmente, em meados de 1916, em uma reunião conjunta dos dirigentes do Sergipe
e Cotinguiba, com a indispensável presença do Almirante, os presidente Godofredo Menezes (do alvi-azul) e Euclides Porto (do alvi-rubro) assinavam o ato de adoção do futebol naqueles clubes, restringindo porém, somente aos sócios, o praticarem. Era a esperada “largada” para o desenvolvimento efetivo do futebol em Aracaju.
No primeiro campeonato oficial, disputado em 1918, organizado pela Liga Desportiva Sergipana, quatro equipes participaram: Cotinguiba, 41° Batalhão F.C., Sergipe e Industrial. Industrial e Cotinguiba se reforçaram com jogadores vindos da Bahia, entre eles, o centro-avante Conceição, que foi o artilheiro do campeonato daquele ano e dois anos depois, retornou ao futebol da “Boa Terra”. O Cotinguiba foi campeão ao derrotar o Sergipe por 2 x 0 no jogo final.
Na década de 40, o COTINGUIBA encontra seu ponto culminante na administração de CLÓVIS CARDOSO quando, assessorado por ALTANESCHE, homem que modificou o cenário arquitetônico de Aracaju, realizou consideráveis reformas na sua sede, surgindo a feição mediterránea que até hoje possui, apesar da rebeldia de algumas reformas que ali foram realizadas em outras gestões. É cognominado “O PALÁCIO ALVI-AZUL DA AVENIDA AUGUSTO MAYNARD”.
Além de ser conhecido como “O DECANO DA FUNDIÇÃO, é, também, chamado pela imprensa especializada, desde 1976, de “O TUBARÃO DA PRAIA”. Um verdadeiro pioneiro. Foi o primeiro campeão de Remo, Futebol, Voleibol, Basquetebol, Pedestrianismo e Natação. No ocaso da década de 50 surgiu em nossa Capital o Futebol de Salão. O COTINGUIBA, juntamente com a ASSOCIAÇÃO ATLËTICA DE SERGIPE, lutou e conseguiu fundar a FEDERAÇÃO DE FUTEBOL DE SALÃO. Realizado o primeiro campeonato da modalidade, o COTINGUIBA foi, como bom pioneiro, o campeão.
Possui um valioso patrimônio e o seu quadro social é o segundo maior do Estado. A gente cotinguibense guarda com amor e orgulho, nomes como ADOLFO ROLLEMDERG, DINHO MELO, ANTONIO MESQUITA, LUCIANO SOBRAL, BESSINHA, AMANDO FONTES, HERMAN CENTURION, JOSUE CUNHA, ANTONIO FRANCO, EDMO SAMPAIO e outros heróis.Após alguns anos de menos euforia, o COTINGUIBA voltou a brilhar pelas mãos dinâmicas, ágeis e corajosas de CÃSSIO BARRETO e WELLINGTON MANGUEIRA. Alguns destaques: Percy Donald, Conradinho, Alagoano, Zeca das Pamonhas, Zé Grilo, Lúcio Mota, Labodi, Ney Dessa, Raimundo Luiz.



Títulos
Campeonato Sergipano:1918,1920,1923,1936, 1942 e 1952.



Curiosidades

- Charuto, jogador campeão pelo Cotinguiba em 1952 e 1957, tinha a fama de ser dono de um chute potentíssimo, segundo o ex-Reitor da Universidade Federal de Sergipe, Professor Alencar Filho, em seu livro Caleidoscópio, onde traça, de forma concisa, alguns momentos importantes da vida futebolística deste que foi e continuará sendo ídolo e ícone de várias gerações. Refere-se desta forma ao jogador:
“ Transferiu-se para o Cotinguiba Esporte Clube, em 13 de agosto de 1945, conforme Boletim de Transferência protocolizado sob o nº 897. O maior chutador de todos os tempos. Esta era e ainda é a sua fama. Chute forte e certeiro. Por isso seus adversários tinham um medo horrível, verdadeiro pavor de fazer barreira quando ele ia bater alguma falta. Quando ele “carimbava” um jogador, o cidadão tinha que sair de campo para ser atendido tanto pelo massagista quanto pelo médico.
Ele costumava furar a rede quando fazia um gol. Os morteiros lançados por Charuto durante um jogo realizado no vizinho Estado de Alagoas, resultaram em três gols… porém, o juiz só validou um.

Pois bem, Charuto, em Sergipe, conseguia essa incrível façanha. Ele fez três gols, mas o juiz só validou um gol. Por quê? Porque o árbitro não sabia se a bola que havia furado a rede tinha entrado por dentro ou por fora, tal era a força do seu petardo.”


- Carlos Tirso, maior artilheiro do futebol sergipano. Transcorria o ano de 1952, época do verdadeiro amadorismo no futebol. O palco foi o antigo Estádio de Aracaju, onde posteriormente seria erguido o Batistão.
No gramado, Cotinguiba, a melhor equipe do futebol sergipano naquela época enfrentava o Atlético, pelo Campeonato Estadual. O Cotinguiba tinha um jovem atacante, com raro faro de gol. Para ele não tinha bola perdida. No vigor dos seus 19 anos, Carlos Tirso formava ao lado de atletas experientes como Gélio, Moraes e Canabrava, um quarteto demolidor. No entanto, nem ele acreditava que seria capaz de tal proeza. Marcar 10 gols em uma só partida e manter o recorde, no futebol sergipano, até os dias atuais. Ele narra o fato com muito orgulho. “Na verdade foram 11 gols. Um deles chutei forte de fora da área, a bola desviou no bum bum do zagueiro e ganhou a linha de gol. O juiz inexplicavelmente, considerou como gol contra. E não foi…”, lamenta. O jogo estava fácil. No primeiro tempo, o Cotinguiba já vencia por 6 x 0. Todos gols, de autoria de Carlos Tirso. “Na fase final fizemos mais cinco. Quatro de minha autoria”, diz orgulhosamente. No dia seguinte, a notícia foi manchete. Carlos Tirso ainda guarda com carinho, recorte do extinto jornal “A Cruzada”, como único registro do feito.
Naquele ano, o Cotinguiba viria a se sagrar campeão estadual de futebol, com um time que não teve adversário, em toda a temporada: Arnaldo, Danglares eAugusto; Meu Canário, Hilton Porto, Caito e Toinho Matraca: Gélio, CARLOS TIRSO, Moraes e Canabrava.

Fontes: Wikipedia, Sítio Arquivos de Clubes, Sítio Futebol Nordeste, Nilo Dias Repórter Blogspot, Sítio Futebol Sergipano e Sítio da Federação Sergipana de Futebol.

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